Dr.ª Nicole Lagrifa

A CULTURA DE SER CRÍTICO

A intolerância, agressividade e crítica impensada (frequente principalmente nas redes sociais) parecem ser hoje, o motor de um espetáculo e por sinal grátis, de um sem número de “almas” inquietas e sedentas de uma espécie de tribunal moral, mas que na verdade são simplesmente levados pela comoção, estimulando ainda mais a ignorância, a divisão e ao ódio.

A cultura da crítica ganhou naturalmente um espaço de destaque na Internet e redes sociais pois existe um sentimento generalizado de ineficiência dos procedimentos oficiais de justiça que os deveria regular, mas também estão acompanhados de um super ego (o super ego censura e pune através de sentimentos e culpabilidade, o que não se pode e não se deve fazer). Sendo assim, o perigo do linchamento social, vem desejoso de uma punição com força redobrada do suposto crime original.

Todos os que fazem parte das minorias, ou padecem de alguma carência emocional, continuarão a fazer parte da percentagem dos juízes da Internet.

Se alguém não se encaixa num grupo homogéneo de “moralidade”, a lógica é que o mesmo deve ser destruído.

Tornar-se um “líder” hoje, esta intimamente ligado a um processo contínuo de auto-controle. “O maior líder é aquele que sabe liderar o próprio mundo…”. Ninguém é obrigado a manifestar-se, principalmente de forma escrita, sem esgotar todos os pontos de vista, sem pesquisar informação, sem questionar todas as hipóteses, sem tolerância.

A impulsionalidade é um alicerce ou considerado uma característica dos frágeis, e no fundo uma franca confissão dos nossos demónios, direcionada a uma plateia com o intuito de redimir.

Por exemplo, para eu própria não sofrer julgamentos antecipados, visto escrever artigos com um cunho pessoal e até mesmo crítico, esclareço que a minha pretensão é a de levar o leitor a repensar os seus atos, a questionar (como aquilo poderia ser feito ou porque que assim foi feito). As pessoas e neste contexto os leitores, reagem melhor quando são levadas a questionar o seu conhecimento (partindo do princípio de que não existem verdades absolutas).

Em algumas situações, quem crítica, normalmente na rede, não pretende ensinar nada ou construir, pois a critica está associada a um tom negativo e destrutivo. Normalmente quando criticamos alguém “próximo” ou considerado “pessoa de influência ou destaque”, temos a preocupação ou obrigação de alertar que é especificamente uma “critica construtiva”. O facto de eu sentir essa necessidade de me desculpar ou sublinhar o seu carácter construtivo, demonstra a própria imaturidade do diálogo…. É quase como insinuar que vou dar-te um murro na cara, vai doer, mas não te zangues porque não foi minha intenção…

Atenção…é para reflexão!

Texto @Dr.ª Nicole Lagrifa

Edição @UNMA

Fotografia @Dr.ª Nicole Lagrifa

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